segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Há quanto tempo

eu não te vejo. Meu espaço, que um dia teve mil razões para existir e ser concebido, hoje precisou de apenas uma para me trazer de volta. Cresci. Lembro das palavras de minha tia. Essa por sua vez, foi responsável pela minha segunda criação pois era quem estava comigo nos tempos em que eu ainda tinha medo de escuro. Como eu queria que ela me visse agora. Sei que se orgulharia, na verdade estão todos orgulhosos.
Demorei a entender que Ela não vai voltar, que Ela não se lembra e que eu não posso culpá-la por isso. As pessoas tendem a seguir o seu próprio rumo e muitas vezes não sobra sequer 1mm³ para você ali dentro. Ela não vai voltar, Ela não vai se lembrar. Nada será como já foi um dia. Então por quê digo "Há quanto tempo" no meu título? Dá uma falsa impressão de que só o tempo mudou mas o fenótipo também é outro. E eu nunca disse adeus. Fico triste, não por saber que não a tenho mais, mas sim ao me dar conta de que aquela pessoa que eu conheci morreu, não existe mais. E outra teima em querer ocupar o seu lugar. A voz é a mesma (um pouco mais grossa, eu confesso), o rosto ainda é aquele e o sorriso, incomparável. Mas por quê insiste nessa falsidade ideológica? Os olhos mudaram. Em vez do brilho da inocência que eu me recordo, vejo chamas ardentes, querendo me carbonizar. Em vez do sorriso doce que inspirou-me por tanto tempo em minha humilde juventude, hoje continuo a ver os seus dentes... por outros motivos.
Descanse em paz, alma.

Assim, sem motivos. Da mesma maneira que começou, termino de desenhar esse Círculo. Continuo sem entênde-lo.

Fim

segunda-feira, 23 de março de 2009

Terceiro tempo

Eu provavelmente não deveria estar aqui, mas sinceramente, alguma coisa nisso tudo faz sentido.

Ontem foi um dia "de vermelho". Eu que ainda estou me acostumando a usar relógio, fui confirmar o dia da semana e lá estava o relógio no primeiro espacinho de todos, com as iniciais Su, me alertando sobre alguma coisa. Talvez do perigo de se embriagar no primeiro dia da semana e perder os compromissos. Pensei comigo mesmo sobre a sorte que tenho de não beber. E igual a esse texto, assim foi o dia de ontem, o primeiro dia de meu controlador de tempo.

Sabe, você não sabe o que está passando, eu talvez tenha te dado uma falsa impressão de que você entenderia tudo quando lesse as minhas palavras. Mero engano. As palavras idealizam o mundo que nos cerca, mas são as ações que o constrói. 

O homem precisa se desfazer de tudo que gosta? Sofrem aqueles que conseguem ou os que não conseguem? Acho que os dois, pois eu posso sentir o sofrimento dos dois lados. Quer um conselho de irmão? afogue-se, não espere por mais nada, a hora é essa. Deixe a água penetrar pelo nariz, ouvidos, boca e cada espacinho vazio que tiver em sua pele. Somos 70% de água, não somos? NÃO SOMOS?

Longe, distante. Assim é o tempo. O que eu posso fazer com você? Amo a vida, quero que você aprenda a amá-la também. A vitória, honra que nada significa, ainda assim só chega depois da pior parte, aquela da luta. Quem já ouviu falar em Forrest Gump? Ele correu e correu todos os Estados Unidos e quando foi perguntado sobre os seus motivos, ele simplesmente não tinha uma resposta. Por quê você corre?

Agora sabe? Ainda não? Tentarei te dizer. Preciso que continue depositando suas forças em mim, que continue como fez até agora. Se cheguei até aqui, foi por causa de você acreditando em mim, afinal você também chegou onde estou. Meu caminho é louco, sinuoso, mas já posso ver um grande e imenso Sol no final. Quantas pessoas, quantos objetos, quantas musicas eu vou conseguir levar pra ver isso?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Tribunal de coisas realmente pequenas...





Você pensa que faz o que quer
Não faz
E que quer fazer o que faz
Não quer
Tá pensando que deus vais ajudar
Não vai
Que que há males que vêm para o bem
Não vêm
Você acha que ela há de voltar
Não há
Que que ao menos alguém vais escapar
Ninguém

Paro pra pensar
Mas não passo mais
De um minuto
Sem pensar em alguém
Que não pára pra pensar em ninguém

Você acha que eu tenho demais
Robei
Você acha que eu sou capaz
Matei


Pato Fu

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Medicina Alternativa


Alívio já em troca de segundos a menos de vida.

Bem vindo(a) ao mundo dos remédios!

Ninguém se importa mesmo...

As consequências não virão por agora, nem amanhã.

Chegarão depois, quando você esquecê-las.

De todas as cores, em várias formatos.

Para crianças e adultos, senhoras e senhores!

Viva o progresso!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Quem sabe?


quem sabe?
quem sabe o tempo dirá...
vou perguntar a esse rato de bigode
que usa relógio
ou talvez ao cara do poste
que acende e apaga a luz
e desfaz eclipses
como um espetáculo que ao se aproximar do final
fecha as cortinas.
So para poder abri-las mais uma vez.
Mas, se não disser,
a serpente jura que vai me contar
meus olhos se abrirão
e eu descobrirei que o passado é só registro
do futuro que é consequência
também não enxergarei nada por trás do seu véu
amarelo, o que ele representa na natureza?
ahhhh, nao fuja anjinho da guarda.
esse veneno não é tão forte como contam
afinal, quem sabe?


domingo, 28 de dezembro de 2008

História do xadrez



História contada ao califa de Bagdá Almotacen Bilah, Emir dos Crentes,

por Beremís Samir, extraída do livro "O homem que calculava", de Malba Tahan.


Difícil será descobrir, dada a incerteza dos documentos antigos, a época precisa em que viveu e reinou na Índia um príncipe chamado Iadava, senhor da província da Taligana. Seria, porém, injusto ocultar que o nome desse monarca vem sendo apoiado por vários historiadores hindus, como um dos soberanos mais ricos e generosos de seu tempo.

A guerra, como o cortejo fatal de suas calamidades, muito amargou a existência do rei Iadava, transmutando-lhe o ócio e o gozo da realeza nas mais inquietantes atribuições. Adstrito ao dever, que lhe impunha a coroa, de zelar pela tranqüilidade de seus súditos, viu-se o nosso bom e generoso monarca forçado a empunhar a espada para repelir, à frente de pequeno exército, um ataque insólito e brutal do aventuramento Varangul, que se dizia príncipe de Celi. O choque violento das forças juncou de mortos os campos de Dacsina e tingiu de sangue as águas sagradas do rio Sandhu. O rei Iadava possuía - pelo que nos revela a crítica dos historiadores - invulgar talento para a arte militar; sereno em face da invasão iminente, elaborou um plano de batalha, e tão hábil e feliz foi em executá-lo que logrou vencer e aniquilar por completo os pérfidos perturbadores da paz do seu reino.

O triunfo sobre os fanáticos de Varangul custou-lhe, infelizmente, pesados sacrifícios; muitos jovens "quichatrias"(1) pagaram com a vida a segurança de um trono para prestígio de uma dinastia; e entre os mortos, com o peito varado com uma flecha, lá ficou no campo de combate o príncipe Adjamir, filho do rei Iadava, que patrioticamente se sacrificou, no mais aceso da refrega, para salvar a posição que deu aos seus a vitória final.

Terminada a cruenta campanha e assegurada a nova linha de suas fronteiras, regressou o rei ao suntuoso palácio de Andra, baixando, porém, formal proibição de que se realizassem as ruidosas manifestações com o que os Hindus soíam festejar os grandes feitos guerreiros. Encerrando em seus aposentos, só aparecia para atender aos ministros e sábios brâmanes quando algum grave problema nacional o chamava a decidir, como chefe de estado, no interesse e para felicidade de seus súditos.

Como o andar dos dias, longe de se apagarem as lembranças da penosa campanha, mais se agravaram a angústia e a tristeza que, desde então, oprimiram o coração do rei. De que lhe poderiam servir, na verdade, os ricos palácios, os elefantes de guerra, os tesouros imensos, se já não mais vivia a seu lado aquele que fora sempre a razão de ser de sua existência?

As peripécias da batalha em que pereceu o príncipe Adjamir não lhe saiam do pensamento. O infeliz monarca passava longas horas traçando, sobre uma grande caixa de areia, as diversas manobras executadas pelas tropas durante o assalto. Com um sulco indicava a marca da infantaria; ao lado, paralelo ao primeiro, outro traço mostrava o avanço dos elefantes de guerra; um pouco mais baixo, representava por pequenos círculos, disposto em simetria, perfilava a destemida cavalaria chefiada por um velho "radj"(2) que se dizia sob a proteção de Tchandra, a deusa da lua. Ainda por meio de gráficos esboçava o rei a posição das colunas inimigas, desvantajosamente colocadas, graças à sua estratégia, no campo em que se feriu a batalha decisiva.

Uma vez completado o quadro dos combatentes com as minudências que pudera evocar, o rei tudo apagava, para recomeçar novamente como se sentisse íntimo gozo em reviver os momentos passados na angústia e na ansiedade. Hora matinal em que chegavam ao palácio os velhos brâmanes para a leitura dos "Vendas"(3), já o rei era visto a riscar na areia os planos de batalha que se reproduzia interminavelmente.

- Infeliz monarca! - murmuravam os sacerdotes penalizados.

- Procede como um "sudra"(4) a quem Deus privou poderosa e clemente, poderá salvá-lo!

E os brâmanes erguiam preces, queimavam raízes aromáticas, implorando à eterna zeladora dos enfermos que amparasse o soberano de Taligana.

Um dia, afinal foi o rei informado de que um moço brâmane - pobre e modesto - solicitava uma audiência que tinha pleiteado havia já algum tempo. Como estivesse, um momento, com boa disposição de ânimo, mandou o rei que trouxessem o desconhecido à sua presença.

Conduzindo à grande sala do trono foi o brâmane interpelado, conforme as exigências da praxe, por um dos vizires do rei.

-Quem és, de onde vens, o que desejas daquele que, pela vontade de Vichnu(6), é rei senhor de Taligana?

- Meu nome – respondeu o jovem brâmane - é Lahur Sessa (7) e venho da aldeia de Namir, que trinta dias de marcha separam dessa bela cidade. Ao recanto em que eu vivia chegou a noticia de que nosso bondoso rei arrastava os dias em meio de profunda tristeza, amargurado pela ausência de um filho que a guerra viera a roubar-lhe. Grande mal será para o país, pensei, se o nosso dedicado soberano se enclausurá, como um brâmane cego, dentro de sua própria dor. Deliberei, pois, inventar um jogo que pudesse distraí-lo e abrir em seu coração as portas de novas alegrias. É esse o desvalioso presente que desejo nesse momento oferecer ao nosso rei Iadava.

Como todos os grandes príncipes citados nesta ou naquela página da História, tinha o soberano hindu o grave defeito de ser excessivamente curioso. Quando o informaram da prenda de que o moço brâmane era portador, não pôde conter o desejo de vê-la e apreciá-la sem mais demora.

O que Sessa trazia ao rei Iadava consistia num grande tabuleiro quadrado, dividido em sessenta e quatro quadradinhos ou casas, iguais; sobre esse tabuleiro colocavam-se, não arbitrariamente, duas coleções de peças que se distinguiam, uma da outra, pelas cores branca e preta, repetindo porém simetricamente, os engenhosos formatos insubordinados e curiosas regras que lhes permitiam movimentar-se por vários modos.

Sessa explicou pacientemente ao rei, aos vizires e cortesãos que rodeavam o monarca em que consistia o jogo, ensinando-lhes as regras essenciais:

- Cada um dos partidos dispõe de oito peças pequeninas: Peões. Representam a infantaria que ameaça avançar sobre o inimigo para desbaratá-lo. Secundando a ação dos peões vem os elefantes de guerra(8) representando por peças maiores e poderosas; a cavalaria indispensável no combate, aparece, igualmente no jogo, simbolizada, por duas peças que podem saltar, como dois Corcéis, sobre as outras; e, para intensificar o ataque, incluem-se – para representar os guerreiros cheios de nobreza e prestigio - os dois "vizires"(9) do rei. Outra peça, dotada de amplos movimentos, mais eficiente e poderosa do que as demais, representará o espírito de nacionalidade do povo e será chamada a rainha. Completa a coleção uma peça que isolada pouco vale, mas se torna muito forte quando amparada pelas outras. Ó rei.

O rei Iadava, interessado pelas regras do jogo não se cansava de interrogar o inventor:

- E por quê é a rainha mais forte e mais poderosa que o próprio rei?

- É mais poderosa - argumentou Sessa - porque a rainha representa, nesse jogo, o patriotismo do povo. A maior força do trono reside, principalmente, na exaltação de seus súditos. Como poderia o rei resistir ao ataque dos adversários, se não contasse com o espírito de abnegação da pátria?

Dentro de poucas horas o monarca, que aprendera com rapidez todas as regras do jogo, já conseguia derrotar os seus dignos vizires em partidas que se desenrolavam impecáveis sobre o tabuleiro.

Sessa, de quando em quando, intervinha, respeitoso, para esclarecer uma dúvida ou sugerir novo plano de ataque ou de defesa.

Em dado momento o rei fez notar, com grande surpresa que as posições das peças, pelas combinações resultantes dos diversos lances, parecia reproduzir exatamente a batalha de Dacsina.

- Reparai - ponderou o inteligente brâmane - que para conseguir a vitória, indispensável se torna, de vossa parte, o sacrifício desse vizir!

Indicou precisamente a peça que o rei Iadava, no desenrolar da partida - por vários motivos- grande empenho pusera em defender e conservar. O judicioso Sessa demonstrava, desse modo que o sacrifício de um príncipe é, por vezes, imposto como uma fatalidade, para que dele resultem a paz e a liberdade de um povo. Ao ouvir tais palavras, o rei Iadava, sem ocultar o entusiasmo que lhe dominava o espírito, assim falou:

- Não creio que um engenho humano possa produzir maravilha comparável a esse jogo interessante e instrutivo! Movendo essas tão simples peças que um rei nada vale sem o auxílio e a dedicação constante de seus súditos. E que, às vezes, o sacrifício de um simples peão vale mais para a vitória do que a perda poderosa peça.

E, dirigindo-se ao jovem brâmane, disse-lhe:

- Quero recompensar-te, meu amigo, por este maravilhoso presente, que de tanto me serviu para alivio de velhas angústias. Diz-me pois, o que desejas, para que eu possa, mais uma vez, demonstrar o quanto sou grato àqueles que mostram de recompensa.

As palavras com que o rei traduziu o generoso oferecimento deixaram Sessa imperturbável! Sua fisionomia serena não traia a menor agitação, a mais insignificante mostra de alegria ou surpresa.

Os vizires olhavam-no atônitos, e entre olhavam-se pasmados diante da apatia de uma cobiçada que se dava o direito da mais livre expansão.

- Rei poderoso! - retarguiu o jovem com doçura e altivez.

– Não desejo, pelo presente que hoje vos trouxe, outra recompensa além da satisfação de ter proporcionado de Taligana um passatempo agradável, que lhe vem aligeirar as horas dantes alongadas por acabrunhante melancolia. Já estou, sobejamente aquinhoado e outra qualquer paga seria excessiva.

Sorriu, desdenhosamente, o bom soberano ao ouvir aquela resposta, que refletia um desinteresse tão raro entre os ambiciosos Hindus. E, não crendo na sinceridade das palavras de Sessa, Insistiu:

- Causa-me assombro tanto desdém e desamor aos bens materiais, ó jovem! A modéstia, quando excessiva é como o vento que apaga o archote, cegando o viandante nas trevas de uma noite interminável. Para que possa o homem vencer os múltiplos obstáculos que se lhe deparam na vida, precisa Ter o espírito preso às raízes de uma ambição que impulsione a um ideal qualquer. Exijo, portando, que escolhas, sem mais demora, uma recompensa digna de tua valiosa oferta. Queres uma bolsa cheia de ouro? Desejas uma arca repleta de jóias? Pensas em possuir um palácio? Almejas a admiração de uma província? Aguardo a tua resposta, por isso que à minha promessa está ligada a minha palavra.

- Recusar o vosso oferecimento depois de vossas últimas palavras - acudiu Sessa – seria menos descortesia do que desobediência ao rei. Vou, pois, aceitar, pelo jogo que inventei, uma recompensa que corresponde à vossa generosidade; não desejo, contudo, nem ouro, nem terras ou palácio! Peça o meu pagamento em grãos de trigo.

- Grãos de trigo? – estranhou o rei, sem ocultar o espanto que lhe causava semelhante proposta.

– Como poderei pagar-te com tão insignificante moeda?

- Nada mais simples – elucidou Sessa.

– Dar-me-eis um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro; dois pela Segunda, quatro pela terceira, oito pela Quarta, e, assim dobrando sucessivamente, até a sexagésima Quarta e última casa do tabuleiro. Peça-vos, ó rei! De acordo com vossa magnânima oferta, que autorizeis o pagamento em grãos de trigo, e assim como indiquei!

Não só o rei como os vizires e venerandos brâmanes presentes riram-se estrepitosamente, ao ouvir a estranha solicitação do jovem. A desambição que ditara aquele pedido era verdade, de causar assombro a quem menos apego tivesse aos lucros materiais da vida. O moço brâmane, que bem poderia obter do rei um palácio ou uma província, contentava-se com grãos de trigo!

- Insensato! – clamou o rei.

– Onde foste aprender tão grande desamor à fortuna? A recompensa que me pedes é ridícula. Bem sabes que há, num punhado de trigo, número incontáveis de grãos. Devemos compreender, portanto, que com duas ou três medidas de trigo eu te pagarei folgadamente, consoante o teu pedido, pela 64 casas do tabuleiro. É certo, pois, que pretendes uma recompensa que mal chegará para distrair, durante alguns dias, a fome do último "pária"(10) do meu reino. Enfim, visto que minha palavra foi dada, vou expedir ordens para que o pagamento sefaça imediatamente, conforme o teu desejo.

Mandou o rei chamar os algebristas mais hábeis da corte e ordenou que calculassem a porção que Sessa pretendia.

Os sábios calculistas, ao cabo de algumas horas de apurados estudos, voltaram, ao salão para submeter ao rei o resultado completo de seus cálculos.

Perguntou-lhes o rei, interrompendo a partida que então jogava:

- Rei magnânimo - declarou o mais sábios dos matemáticos - calculamos o número de grãos de trigo que constituirá o pagamento por Sessa, e obtivemos um número(11) cuja a grandeza é inconcebível para a imaginação humana. Avaliamos, em seguida, com o maior rigor, a quantas ceiras(12) corresponderia esse número total de grãos, chegamos à seguinte conclusão: a porção de trigo que deve ser dada a Lahur Sessa equivale a uma montanha que, tendo por base cidade Taligana, seria cem vezes mais alto que o Himalaia! A Índia inteira, semeados todos os seus campos, taladas todas as suas cidades não produziria, em um século a quantidade de trigo que, pela vossa promessa cabe em pleno direito ao jovem Sessa!

Como descrever aqui a surpresa e o assombro que essas palavras ao rei Iadava e aos seus dignos vizires? O soberano Hindu via-se, pela primeira vez, diante da impossibilidade de cumprir a palavra dada.

Lahur Sessa - rezam as crônicas do tempo - como bom súdito não quis deixar aflito o seu soberano, depois de declarar publicamente que abriria mão do pedido que fizera, dirigiu-se respeitosamente ao monarca e assim falou:

- Meditai, ó rei! Sobre a grande verdade que os brâmanes prudentes tantas vezes repetem: os homens mais avisados iludem-se, não só diante da aparência enganadora dos números, mais também com a falsa modéstia dos ambiciosos. Infeliz daquele que toma sobre os ombros o compromisso de uma divida cuja grandeza não pode avaliar com a tábua de cálculo de sua própria argúcia. Mais avisado é o que muito pondera e pouco promete! - E, após ligeira pausa, acrescentou

- Menos aprendemos com a ciência vã dos brâmanes do que com a experiência da vida e das suas lições de todo o dia a toda hora desdenhadas! O Homem que mais vive mais sujeito está às inquietações morais, mesmo que não as queira. Achar-se ora triste, hora alegre; hoje fervoroso, amanhã tíbio; já ativo, já preguiçoso; a compostura alternará com a leviandade. Só o verdadeiro sábio instruído nas regras espirituais, se eleva acima dessas vicissitudes, paira por todas essas alternativas!

Essas inesperadas e tão sábias palavras calaram fundo no espírito do rei. Esquecido da montanha de trigo que, sem querer, prometerá ao jovem brâmane, nomeou-o seu primeiro-vizir.

E Lahur Sessa, distraindo o rei com engenhosas partidas de Xadrez e orientando-o com sábios e prudentes conselhos prestou os mais assinalados serviços ao povo e ao País, para maior segurança do trono e maior glória de sua pátria.



Glossário

(1) Militares, uma das quatros castas em que se divide o povo hindu. As demais são formadas pelos brâmanes (sacerdotes), vaikas (operários) e sudras (escravos).

(2) Chefe Militar.

(3) Livro sagrado dos hindus.

(4) Escravo.

(5) Deusa.

(6) Segundo Membro da trindade bramânica.

(7) Nome do inventor do Jogo de Xadrez. Significa "Natural de Lahur".

(8) Os elefantes foram mais tarde substituídos pelas torres.

(9) Os vizires são as peças chamadas bispos. A rainha não tinha a princípio movimentos tão amplos.

(10) Indivíduo pertencente a uma das castas mais íntimas da costa Coromande corresponde na escala social à casta dos Poleás. Na Europa emprega-se o termo e o sentido "de homem expulso de sua casta ou classe"(B.A.B.).

(11) Para se obter elevar o número dois ao expoente sessenta e quatro e do resultado tirar um unidade. Trata-se de um número verdadeiramente astronômico, de 20 algarismos, que é famoso em matemática. 18446744073709551615.

(12) Ceira ou Ser- unidade de capacidades e de peso usada na Índia. Seu valor variava de uma localidade para outra




fonte: http://www.cepex.com.br/lenda.htm

Está aberto o circlo


E quando acabar o encanto?
vamos viver pra ver isso?
eu não...
... eu não quero te entender,

mas posso ser entendido.

O que te faz hesitar?
defesas altas? à mim é uma grande ofensiva.
a única certeza que posso ter

é que Grécia e Reino Unido me ajudaram desde o começo ou antes dele.

buscastes a sabedoria, único filho?
como pretende obtê-la se não for antes um completo ignorante?
e quando for sábio o bastante, voltará ao ponto de partida.

Está aberto, o circlo, desse jeito mesmo que leu.

Mas falta alguma coisa não acha?
Porque se não faltasse, você que veio aqui não encontraria o que procura.

Outros dizem que tem algo a mais.

Posso ser círculo: perfeito a visão humana e inexplicável aos matemáticos;
Mas também sou circo,
depende do que procuras.


Aos que anseiam por conhecimento, uma taça de do melhor veneno
. A mais forte das peçonhas que a natureza já produziu. dessa bebida eu não quero, mas é a que me servem. a razão não explica a fé, mas essa age logicamente. Eu hein? que mundo de gente doida... quero mais é ser normal!